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Darlene Santos de Oliveira

A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM

Atualizado: 6 de mai.

THE IMPORTANCE OF AFFECTION IN THE TEACHING/LEARNING PROCESS





Como citar esse artigo:


OLIVEIRA, Darlene Santos de; ROCHA, Wilssiani Carlos; CASTELO, Marlon dos Santos. A importância da afetividade no processo de ensino/aprendizagem. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 2, 2024; p. 158-173. ISSN: 2965-9760 | DOI: doi.org/10.59283/unisv.v2n2.007



Autores:



Darlene Santos de Oliveira

Graduada em Pedagogia, com pós-graduação em Gestão Escolar. – Contato: darlene.santos2017@hotmail.com.


Wilssiani Carlos Rocha

Licenciada em Letras Língua Portuguesa e pós-graduada em Língua Portuguesa. – Contato: wilssianicrocha@gmail.com


Marlon dos Santos Castelo

Graduado em Matemática e pós-graduado Educação Matemática: Estratégias, Métodos e Tecnologias. – Contato: castelo.mestre.89@gmail.com




RESUMO

 

Este estudo tem como principal objetivo analisar o impacto da afetividade no processo de ensino-aprendizagem e nas relações pedagógicas entre professor e aluno, destacando a potencial influência da afetividade no sucesso acadêmico e no desenvolvimento futuro do aluno. Foram escolhidos como objetivos específicos: Investigar como a afetividade pode servir como mediadora no aprendizado, influenciando o ambiente educacional; examinar os efeitos da afetividade nas relações interpessoais dentro da sala de aula, com ênfase na dinâmica professor-aluno e avaliar o papel da afetividade no desenvolvimento físico, psíquico, espiritual e moral dos estudantes. O estudo baseia-se em uma revisão bibliográfica, explorando obras de teóricos renomados como Cunha, Saltini, Piaget, Cury e Vygotsky, que discutem a importância da afetividade no contexto educacional. A metodologia envolveu a análise crítica de literatura existente para identificar como os aspectos afetivos influenciam tanto o processo cognitivo quanto as relações sociais no ambiente educacional. A necessidade de compreender a afetividade no ambiente educacional justifica-se, dada sua influência significativa no sucesso acadêmico e pessoal dos alunos. Reconhecer e implementar práticas pedagógicas que incorporem a afetividade pode transformar positivamente o ambiente educacional, promovendo um aprendizado mais integrado e humano. Os resultados do estudo destacam que a afetividade não apenas facilita o aprendizado, mas também melhora substancialmente as relações interpessoais entre alunos e professores. A pesquisa revelou que a integração da afetividade nas práticas pedagógicas fortalece os laços de amizade, respeito, solidariedade, generosidade e confiança, contribuindo para um ambiente de aprendizagem mais cooperativo e produtivo.

 

Palavras-chave: Afetividade; Aprendizagem; Professor; Aluno.

 

ABSTRACT

 

This study's primary objective is to analyze the impact of affectivity on the teaching-learning process and on the pedagogical relationships between teacher and student, highlighting the potential influence of affectivity on academic success and the future development of students. The specific objectives include investigating how affectivity can act as a mediator in learning, influencing the educational environment; examining the effects of affectivity on interpersonal relationships within the classroom, with an emphasis on teacher-student dynamics; and assessing the role of affectivity in the physical, psychological, spiritual, and moral development of students. The study is based on a literature review, exploring works by renowned theorists such as Cunha, Saltini, Piaget, Cury, and Vygotsky, who discuss the importance of affectivity in the educational context. The methodology involved a critical analysis of existing literature to identify how affective aspects influence both cognitive processes and social relationships in the educational environment. The need to understand affectivity in the educational setting is justified, given its significant influence on students' academic and personal success. Recognizing and implementing pedagogical practices that incorporate affectivity can positively transform the educational environment, promoting more integrated and humane learning. The study's results highlight that affectivity not only facilitates learning but also substantially improves interpersonal relationships between students and teachers. The research revealed that integrating affectivity into pedagogical practices strengthens bonds of friendship, respect, solidarity, generosity, and trust, contributing to a more cooperative and productive learning environment.

 

Keywords: Affectivity; Learning; Teacher; Student.

 

 

1.   INTRODUÇÃO

 

A afetividade constitui-se como facilitadora do processo ensino aprendizagem em que o aluno passa a ser alvo da empatia do professor, que ao apoderar desse recurso sente-se estimulado a desenvolver uma prática pedagógica direcionada ao aluno.


A escolha deste projeto com o tema afetividade se deu pela observação do âmbito escolar cotidiano, onde percebe-se que os alunos vivenciam uma rotina de vida onde há uma gama de conflitos familiares, morais, que influenciam de forma severa a construção dos valores humanos dos alunos, sendo que eles se encontram em fase de consolidação do seu carácter humano. A escola, o professor conseguem enxergar o retrato dessa influência em sala de aula, se deparando com alunos desanimados com os estudos, agressivos, sem perspectiva de futuro, com traumas sentimentais que vem deixando a aprendizagem deste aluno comprometida.


Surge então a necessidade da escola, o professor se posicionar diante dessa situação, demostrando este afeto que o aluno precisa; pois   entendemos que o afetivo também exerce forte influência no cognitivo, pois quando a criança se sente amada, querida, respeitada, pelo professor que demonstra tal atitude, com certeza esse aluno sentirá o desejo de aprender. Nisto constatamos como um bom relacionamento entre professor e o aluno, facilita como um todo de ambas as partes. Como professores precisamos refletir sobre a nossa práxis, se queremos tanto a atenção de nosso aluno, bem como o controle de uma turma, temos que conhecer nosso aluno, procurar entender suas particularidades, mostrá-lo que é importante para nós e que desejamos manter um convívio harmonioso.


Transformar a sala de aula em um ambiente harmonioso é uma tarefa que requer bastante esforço por parte do educador, pois deverá haver muita compreensão e um olhar afetivo nas relações diárias em sala de aula com o aluno, pois este aluno está em fase de amadurecimento da personalidade. A partir dos seis anos de idade a criança adquire uma nova forma de socialização, migrando do estágio do egocentrismo para uma fase mais estruturada. É nesse ambiente das novas relações com o mundo e com o outro que elas vão construindo e internalizando atitudes, valores e conceitos. Daí a necessidade de trabalhar com a temática de natureza afetiva nas séries iniciais.


Este projeto tem o objetivo de promover mudanças de postura em relação ao educador e ao educando a respeito da afetividade. Promover a conscientização do educador sobre o seu papel de mediador nesse processo de construção da afetividade no ambiente escolar. Mostrar a influência da relação afetiva entre professor e aluno no processo de ensino aprendizagem de crianças nos anos iniciais do Ensino Fundamental.


Serão abordados no projeto conteúdos que visam ressaltar a importância da afetividade no processo de ensino aprendizagem dos alunos, mostrando que o exercício da afetividade em sala de aula, promove um crescimento do nível de aprendizagem dos alunos.


Para o desenvolvimento do projeto, analisamos a realidade educacional contemporânea e observamos que a sala de aula, às vezes, tem tido um espaço onde não tem sido um ambiente agradável para o aluno e nem tão pouco para o professor, diante dessa situação percebemos que tem faltado nessa relação aluno-professor, um fator determinante que é a afetividade. Utilizamos uma pesquisa bibliográfica minuciosa sobre o tema, a fim de demarcamos os argumentos dos teóricos sobre a importância da afetividade no ambiente escolar.


Para nortear o trabalho do professor em desenvolver essa prática de afetividade em sala de aula, propomos que fosse elaborada uma pesquisa com os alunos, a respeito do papel do professor em sala de aula. Solicitamos que os alunos opinassem com respeito às atitudes que um bom professor deveria ter em sala de aula para que as aulas fossem mais harmoniosas e afetivas. Após a pesquisa iremos analisar o perfil deste profissional apontado pelos alunos como um bom professor.


Diante do resultado que será obtido na pesquisa, sobre o perfil deste bom professor, poderemos avaliar com tem ocorrido a nossa prática educacional em sala de aula, quais os pontos positivos e negativos, qual é o papel do educador diante dessa realidade. A avaliação desse projeto, será uma avaliação reflexiva, que proporcionará uma mudança comportamental que irá visar a ação e os efeitos de uma prática afetiva no ambiente escolar num todo.


Por fim pretendemos através de um trabalho que se ampara em pesquisa bibliográfica, analisar e discutir como tem ocorrido a afetividade na prática pedagógica entre professor e aluno, e como os professores têm utilizado as teorias de Vygotsky, Eugênio Cunha, Saltini, Piaget, Antunes, Cury, que valorizam a afetividade aliada a educação, para melhor aprendizado dos alunos.

 

2.   REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 

O processo educativo requer do professor um papel de mediador do ensino aprendizagem ao aluno. E nessa mediação, o professor pode contar com uma ferramenta que irá facilitar esse processo, que é a afetividade.


De acordo com Cunha (2008), ele nos mostra a importância que o professor deve ter ao procurar conhecer o seu aluno de forma particular, principalmente no que diz respeito aos estágios de desenvolvimento cognitivo de seu aluno, para que possa utilizar-se de recursos adequados e ao mesmo tempo estimulativos, facilitando assim de forma significativa o aprendizado do aluno. Para Piaget (2005) a afetividade é um dos principais elementos da inteligência, ela pode ajudar no desenvolvimento do aluno, como também pode prejudicar pelo excesso dos pais, que ocorre na superproteção. Saltini (2008) diz que o professor além de conhecimentos teóricos, ele precisa conhecer o seu aluno, entende-lo, demonstrar disponibilidade de mudança, quando perceber que está cometendo certos equívocos, pois o professor não é dono do Saber, e se faz necessário, reconhecer quando existem falhas na sua prática pedagógica, o aluno deve ser encarado como o sujeito ativo, o qual deseja aprender de forma significativa, não sendo um mero expectador, em que só são repassados os conteúdos, sem haver uma preocupação por parte do professor. Por isso é tão importante entendermos de seres humanos e praticarmos uma pedagogia afetiva.


Educar não é apenas transmitir conhecimento, mas dá oportunidade do aluno aprender, e buscar suas próprias verdades, para isso devemos utilizar de vários meios como o afeto para que o aluno tenha prazer em estudar, nisso Cunha (2008, p.51) diz que:


Em qualquer circunstância, o primeiro caminho para a conquista da atenção do aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares que, muitas vezes estão fechados às possiblidades acadêmicas. Considerando o nível de dispersão, conflitos familiares e pessoais e até comportamentos agressivos na escola hoje em dia, seria difícil encontrar algum outro mecanismo de auxílio ao professor mais eficaz.

 

De fato, o afeto é uma importante ferramenta no auxílio do professor, o afeto sendo desenvolvido em sala de aula para alcançar a atenção do aluno, certamente pode provocar por parte do aluno uma boa receptiva do mesmo, em querer aprender e ao mesmo tempo tornar-se participativo. O afeto tem mesmo esse poder de derrubar muralhas emocionais, de romper bloqueios psicológicos e também de promover um bem estar no aluno. Saltini (2008, p.12) diz que:


Inicialmente, educar seria, então, conduzir ou criar condições para que, na interação, na adaptação da criança de zero até seis anos, fosse possível desenvolver as estruturas da inteligência necessárias ao estabelecimento de uma relação lógico-afetivo com o mundo.

 

Nisso Saltini (2008) relata que é através da interação afetiva, do aluno com o professor e com seus colegas de classe, que ocorre a troca de informações através do diálogo, em que o aluno vai se desenvolver intelectualmente na interação das atividades.


Cunha apud Piaget (2007, p.54) aponta quatro estágios, com diferentes níveis “[...] sensório-motor, pré-operatório, operações concretas e operações formais. Cada período constitui um momento do desenvolvimento, onde são construídas estruturas cognitivas singulares”.


Piaget, em seus estudos, comprova a existência desses estágios de desenvolvimento cognitivo muito importante para o aprendizado da criança, cada segmento deste, deve ser conhecido e respeitado pelo o professor, como também estimulado, sabendo que cada etapa a criança tem a oportunidade de crescimento intelectual e amadurecimento de suas emoções, nisto também pode-se desenvolver a afetividade na criança, o professor necessita respeitar esses estágios, que bem estimulados certamente resultaram em grandes conquistas. Já Cunha (2008, p.57) relata que:


É importante que o professor conheça os estágios do desenvolvimento cognitivo do seu aluno, para utilizar os mecanismos educativos apropriados que promovam práticas pedagógicas estimulativas, não restritivas, adequadas ao período de amadurecimento de cada idade.

 

Cunha (2008) mostra-nos, a importância de conhecermos os estágios do desenvolvimento cognitivo da criança, pois a medida que está verdade torna-se presente, certamente influenciaremos nossa prática pedagógica e também respeitaremos cada etapa deste seguimento. (Piaget apud Rossini 2004 p.9) “parece existir um estreito paralelismo entre o desenvolvimento afetivo e o intelectual, com este último determinando a forma de cada etapa da afetividade”.


Mas o que se observa dia-a-dia é que a afetividade é a base sobre a qual se constrói o conhecimento. Isso relata que o primeiro momento, o professor conquista a confiança do aluno, através de um diálogo afetivo para depois começar a ensinar, através de exercícios que desenvolvem o aluno. Segundo Montessori apud Cunha (2008, p.59) diz que:


Um educador mal preparado para observar a alma infantil e o dinamismo das nuances do seu desenvolvimento cognitivo pode calcar a sua natural necessidade para o aprendizado escolar e, consequentemente de expressar-se. É necessário manter a prodigiosa aptidão da criança que, enquanto vive plenamente, aprende.

 

A referida autora fala-nos da importância do estar devidamente preparado e com uma sensibilidade que permita um olhar atento por parte do educador, que deve atender as expectativas e proporcionar momentos significativos que destaquem as aptidões da criança, a criança precisa vivenciar situações de aprendizado, as quais possibilitem que a mesma possa expressar-se. Um educador mal preparado impede este avanço por parte da criança, todo um crescimento, que para a criança ficarão as consequências.


Para Cunha (2008, p. 63):


O modelo de educação que funcionava verdadeiramente é aquele que começa pela necessidade de quem aprende e não pelos conceitos de quem ensina. Ademais, a prática pedagógica para afetar o aprendente deve ser acompanhada por uma atitude vicária do professor.

 

O autor supracitado deixa claro que na prática pedagógica o alvo deve ser o aluno, com isso se faz necessário ao educador refletir sobre sua ação, e entender que para haver um aprendizado significativo, o aluno deve ter suas reais necessidades respeitadas. O ato de ensinar não deve ser encarado como algo imposto ou tão somente transferência de conhecimentos como se o aluno fosse um depósito bancário, mas sim como uma experiência bastante proveitosa em que a criança aprende e ao mesmo tempo se diverte. Saltini (2008, p.63) diz que:


O professor (educador) obviamente precisa conhecer e ouvir a criança. Deve conhece-la não apenas na sua estrutura biofisiológica e psicossocial mas também na sua interioridade afetiva, na sua necessidade de criatura que chora, ri, dorme, sofre e busca constantemente compreender o mundo que a cerca, bem como o que ela faz ali na escola.

 

Saltini (2008) mostra-nos o quanto se faz necessário, estabelecermos um vínculo afetivo com nosso aluno, precisamos aceitar o fato de que por ser uma criança, ela por si só é dotada de sentimentos, desejos, necessidade desde físicas, a espirituais. Precisamos conhecer este aluno, saber quem é, e como é, estar disposto a ajudar, valorizando-o e fazendo-o perceber que é um ser, em constante desenvolvimento, e que poder socializar essa relação será algo prazeroso.

Para que aconteça uma prática pedagógica diferenciada, é necessário a existência de estímulos que transformem o aprendizado do aluno em algo prazeroso, o exercício de uma pedagogia afetiva permite ao professor conhecer o seu aluno bem como suas particularidades. De acordo com Cunha (2008, p.67):


[...] o que vai dar qualidade ou modificar a qualidade do aprendizado será o afeto. São as nossas emoções que nos ajudam a interpretar os processos químicos, elétricos, biológicos e sociais que experienciamos, e a vivência das experiências que amamos é que determinará a nossa qualidade de vida. Por esta razão, todos estão aptos a aprender quando amarem, quando desejarem, quando forem felizes.

 

De acordo com Cunha o desenvolver do afeto será algo determinante na vida do aluno, pois o mesmo sendo amado sentirá o desejo de aprender e consequentemente este saber adquirido elevará sua autoestima e o tornará feliz. Nisso Cunha (2008, p.69) relata que:


Há professores – mesmo com pouquíssimos recursos- que afetam tanto que são capazes de transformar suas aulas em dínamos de inteligências, mesmo recitando o catálogo telefônico. Pode ser um exagero usar o catálogo como metáfora, mas na verdade, em nossa memória, o que mais conservamos são as coisas que nos afetam, para o bem ou para o mal.

 

Segundo Cunha (2008) como é importante o professor saber realizar uma  boa aula, transformando-a em uma rica experiência de aprendizado a qual vai deixar marcas positivas na vida do aluno. “ A nova educação consideraria o sujeito como sendo mais importante que o objeto, isto é, o objeto só valeria enquanto funcionasse para o homem” Saltini (2008, p. 49). Com isso a educação, a qual demonstra, que o sujeito (aluno), hoje passa a ter importância no ensino aprendizagem, revela também que para haver um aprendizado significativo a relação que acontece, exerce influência e portanto se faz necessário orientá-lo quanto ao uso deste conhecimento.


O referido autor fala da interação com o objeto (educando), comenta como é fundamental manter este vínculo, pois o mesmo facilita o aprendizado intelectual, como afetivo, essa relação quando estabelecida favorece uma troca de experiências mútuas.


Segundo Saltini (2008, p.98) “O educador sensível é aquele questiona suas ações baseando-se na abordagem que a criança faz da realidade, verbalizando uma realidade vista a seu modo (criança), com as suas capacidades estruturais, funcionais e afetivas”. O educador que tem um olhar sensível, é o que em sua prática pedagógica, avalia seus alunos e trabalha com eles de forma atenciosa, é capaz de compreender, contextualizando seus valores, em cima da realidade dos alunos para melhor aprendizagem.


A sensibilidade do professor torna-o capaz de entender os estágios de desenvolvimento da criança, fazendo-o vivenciar um mundo de imaginação, sonhos, alegria e etc. O professor precisa conhecer bem a criança, para usar de estratégias que produzam resultados satisfatórios, concordar que o aluno tem um papel importante no uso da Didática adotada pelo professor. Para Saltini (2008, p.100):


[...] a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, se dá o tempo todo, seja na sala ou no pátio, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento.

 

Para o referido autor, a relação exercida entre o professor e aluno permite grande aquisição e conhecimentos, cada momento que é compartilhado pelos mesmos enriquece o aprendizado. Esses momentos são representados pelo que chamamos de afetividade, e como já foi dito anteriormente o cognitivo não esta dissociado do afetivo. Cunha (2008, p.85) também afirma que:


A sala de aula ao revestir-se da sua humanidade, com laços de compreensão e entendimento, com atividades dinâmicas e desejastes, com participação ativa do aluno e nutrida por seu interesse, poderá tornar o aprendizado surpreendente.

 

Nisto observa-se que a afetividade deve estar fluindo dentro da sala de aula, pois é na sala de aula que desenvolve-se a educação emocional, que prepara estes alunos a se tornarem pessoas com ótimas relações interpessoais e principalmente esses alunos terão melhores condições intelectuais de aprender, pois os mesmos estão tendo as suas necessidades atendidas pelo professor, que procura utilizar este espaço para o aprendizado do aluno.


“A educação é uma arte. Não é uma mera profissão ser um educador. Manipulamos a educação com as duas mãos a do afeto e a da lei das regras”. (Saltini 2008, p.p2). Isso quer dizer que ser educador, é ter comprometimento com o conhecimento que se transmite ao aluno, e tanto o afeto como a lei das regras, caminham juntas para construir os valores e aprendizagem do aluno, e esse trabalho realizado pelo professor não ocorre de qualquer maneira, precisa de responsabilidade e respeito em sala. Cunha (2008, p.91) diz que:


Em razão do conhecimento prévio do conteúdo, o professor possui o domínio da matéria e, por conseguinte, sabe como promover o aprendizado dos seus alunos. Entretanto, além disso, ele ama o que faz. O seu amor provoca o amor da classe, como resultado, há fixação do que foi ensinado. A essa pedagogia, podemos chamar de pedagogia afetiva.

 

A pedagogia afetiva é o norte que deveríamos seguir em sala de aula, demonstrando afeto, respeito, sensibilidade, dedicação, empatia e principalmente compromisso com o que se faz e para quem se faz. Com isso podemos constatar a boa receptividade dos alunos em querer absorver o que está sendo transmitido por parte do professor, essa confiança quando adquirida ela se torna mutua.


Para que existam bons relacionamentos interpessoais é necessário haver afetividade, pois a mesma contribui de forma significativa para que ambas as partes sintam prazer em querer se relacionar. Como em todo relacionamento, a relação entre professor e aluno também precisa se fundamentar na afetividade e desejar vivenciar essa realidade no cotidiano escolar. Martinelli (2005, p.116) fala que a escola deve:


Propiciar um ambiente favorável à aprendizagem em que sejam trabalhados a autoestima, a confiança, o respeito mútuo, a valorização do aluno sem contudo esquecermos da importância de um ambiente desafiador, [...] mas que mantenha um nível aceitável de tensões e cobranças, são algumas das situações que devem ser pensadas e avaliadas pelos educadores na condução do seu trabalho.

 

A escola juntamente com os professores devem proporcionar um ambiente agradável e de confiança, desde o início das aulas, na formação de turmas e no convívio da rotina escolar, para melhor desenvolvimento da aprendizagem do educando Saltini (2008 p. 69) diz que:


O educador não pode ser aquele que fala horas a fio a seus alunos, mas aquele que estabelece uma relação e um diálogo intimo com ele, bem como uma afetividade que busca mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa capacidade de gerar ideias e colocá-las ao serviço de sua própria vida.

 

Saltini (2008) explica que o professor deve manter um diálogo afetivo constante com o aluno, para assim compreende-lo melhor e se for o caso através do diálogo pode se moldar o aluno para uma vida de princípios e valores, principalmente nos dias atuais, onde o individualismo está tão presente. Já Cunha (2008, p.80) fala que:


A professora ou professor é o guardião do seu ambiente. A começar pelos seus movimentos em sala, que devem ser adequados e gentis. A postura, o andar, o falar, são observados pelos alunos, que o vê como modelo. Independente de idade, da pré-escola à universidade, o professor será sempre observado. Então, um bom ambiente para a prática do ensino começa por ele, que canalizará a atenção do aprendente e despertará o seu interesse em aprender.

 

De acordo com o autor em questão, o professor é o protagonista de uma cena que é vivida pelos alunos na sua rotina escolar, a qual demonstra ser o professor o centro das atenções dos seus alunos, a postura, o andar, o estilo, a personalidade, são atentamente observados, isso pode provocar uma reação positiva ou negativa por parte do aluno, dificultando ou facilitando seu aprendizado, o certo é que a conduta é um traço marcante na vida do professor.

Pelo motivo acima descrito, a postura do professor deve influenciar de forma positiva, realçando pontos fortes do seu caráter que despertem no aluno o desejo de aprender, de querer adquirir valores e virtudes, transformando-se em um cidadão crítico, consciente e que saiba exercer de forma participativa a sua cidadania. “Para educar o ser humano, é fundamental conhecê-lo profundamente bem como respeitar seu desenvolvimento. É necessário ter a percepção correta de como esse ser se desenvolve”. Saltini (2008, p.93) com isso nos mostra que além de compreender  aluno, é necessário ter paciência para alcançar a aprendizagem de cada educando que ocorre individualmente, em todas as fases de seu desenvolvimento. E o professor alcança isso quando trabalha com a sensibilidade afetiva.


Saltini (2008, p.100) afirma que:


O papel do professor é específico e diferenciado do das crianças. Ele prepara e organiza e o microuniverso onde as crianças buscam e se interessam. A postura desse profissional se manifesta na percepção e na sensibilidade aos interesses das crianças que em cada idade diferem em seu pensamento e modo de sentir o mundo.

 

Então Saltini deixa claro que é o professor que prepara o aluno, para o futuro, através da interação e socialização afetiva que ocorre nas atividades realizadas, como estimular os alunos a buscarem sua própria verdade, e construiremos seu  pensamento. Saltini (2008, p.102) diz também que:


A serenidade e a paciência do educador, mesmo em situações difíceis, fazem parte da paz que a criança necessita. Observa a ansiedade, a perda de controle e a instabilidade de humor vão assegurar à criança ser o continente de seus próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador.

 

Com isso, o autor acima citado nos revela que apesar dos problemas que aparecem na vida do educador, ele deve manter o controle de suas emoções, e não transmitir suas angústias aos educandos em suas aulas, porque ele é um exemplo para as crianças de ética e de pessoa, assim como os pais. Saltini (2008, p.102) diz que:


O tratamento da equidade para todos os alunos poderia ser sempre mantido e explicado. Nenhuma criança deve ter a percepção de ser perseguida ou amada em demasia. A opinião de cada criança teria o mesmo respeito e valor, sem ressaltar o feito de alguma criança ou compará-la com outra, nem salientar diferenças entre meninos e meninas em brincadeiras e jogos, pois isto seria prejudicial ao desenvolvimento afetivo sadio.

 

Segundo o autor, o sentimento de justiça, igualdade dever ser mantido dentro de sala de aula, as crianças necessitam se sentir amadas queridas, valorizadas, respeitadas e sabendo que são especiais. Não deve haver por motivo algum, comparações que diminuem o potencial da criança, fazendo-a sentir-se inferior, incapaz, menosprezada, contribuindo para uma extensão do lar da criança, em que a mesma encontre muito afeto e atenção. Na postura do professor deve existir sentimentos nobres, capazes de influenciar todo o modo de pensar e ver o mundo como o outro. “Aquele educador que se centra nas crianças, observa e avalia constantemente. Trata a criança afetuosamente, sem excessos ou omissões”. Saltini (2008, p. 103). Com isso o educador que atende as necessidades da criança, desenvolve, na mesma, um aprendizado, fundamentado em suas ações que proporcionem aos alunos grandes conquistas relacionadas a uma pratica pedagógica que desperte seu desejo em querer aprender.


O professor atento ao aprendizado do seu aluno se sente movido a estabelecer metas, desafios procurando estimulá-los direcionando o seu aprendizado de forma significativa. Neste processo de atenção por parte do professor o processo de avaliação que acontece constantemente reforça no professor a necessidade de inovar sua pratica, auxiliando o aprendizado do aluno neste processo de ensino/aprendizagem. Saltini (2008, p.102) fala também que:


Seria ótimo manter um diálogo com a criança, em que se possa perceber o que está acontecendo, usando tanto o silêncio quanto o corpo, abraçando-a quando ela assim o permitir, compartilhar com os demais da classe os sentimentos que estão sendo evidenciados nesse instante é um trabalho quase terapêutico. {...}Dar oportunidade para a criança colocar seus sentimentos na escola, não apenas sua inteligência ou sua capacidade de aprender.

 

Novamente o autor fala da importância de se manter o diálogo entre o professor e aluno, para conhecer a realidade do aluno, mas utilizar nos momentos em que a criança deixar o abraço, como forma de para de parabenizar o aluno, como também para consolá-lo se for o caso. E através dessa relação afetiva, se trabalha os valores primordiais na turma como respeito, honestidade e generosidade em suas ações diárias.


O professor deve participar dos divertimentos de seus alunos, fornecendo atividades que os agradam e exerçam sua curiosidade, de modo de que se sintam melhor ali do que em qualquer outro lugar, mais também fazendo com que o aluno busque a aprendizagem e o interesse pelos estudos por seu próprio impulso.


O ambiente escolar é a continuação do lar, portanto, a escola não pode limitar-se apenas a fornecer conhecimentos conceituais, mas deve contribuir para o desenvolvimento da personalidade de seus alunos. A influência mais importante no processo escolar é exercida pelo professor; então é preciso que ele compreenda a origem do desenvolvimento emocional e o comportamento da criança em todas as suas manifestações.


O professor exerce em sala de aula um papel tão importante e sublime que é capaz de mexer com a emoção dos seus alunos, através de um simples sorriso, um abraço, um aperto de mão, enfim, demonstrando afeto em suas palavras e atitudes. Não devemos ser apenas bons professores, mas professores fascinantes, segundo Cury (2003, p.64):


Bons professores falam com a voz, professores fascinantes falam com os olhos. Bons professores são didáticos, professores fascinantes vão além. Possuem sensibilidade para falar ao coração de seus alunos.

 

Segundo o autor, o professor deve ter sensibilidade afetiva, estimular o aluno a pensar antes de reagir, a não ter medo do medo, a ser líder de si mesmo e construir a sua própria história. É não ensinar o aluno somente a escola elementar, mas ensiná-lo a escola da vida.


Na prática educativa, sabemos que há muitos desafios a serem  superados, porém a afetividade vem como grande aliada do professor no alcance da  conquista da aprendizagem do aluno. Através da relação afetiva entre o professor e os alunos, serão construídos valores humanos que irão refletir durante toda a vida do aluno. Ele poderá esquecer de uma fórmula da resolução de um problema de matemática, mas jamais esquecerá das fórmulas dos valores da vida.


Cury (2003, p.65) diz que:


Os educadores apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruístas, enfim todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por seres humanos.

 

O referido autor mostra-nos a importância da atuação do professor como um profissional, que independente de suas limitações, se faz necessário, com a sua presença pode transformar de forma especial agindo na vida de seus alunos como exemplo, através de sua conduta em sala de aula e fora dela.


Pedagogia afetiva, está é a linha que nos educadores precisamos seguir, pois os sentimentos e emoções dos alunos precisam ser levados em conta, pois estão inteiramente ligados ao desenvolvimento cognitivo do aluno e irão influenciar diretamente em sua aprendizagem cotidiana da vida escolar.


Não há melhor recompensa para o professor do que o alcance da aprendizagem de seus alunos. Saber que ele participou ativamente da conquista de aprendizagem de seu aluno, e que aquelas sementes plantadas no passado, brotaram lindos frutos de esperança para dias melhores na humanidade.

 

3.   CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Todo ser humano necessita de afeto, em uma sala de aula, não é diferente, pois a própria relação que é estabelecida entre professor e o aluno requer a presença de afetividade.


Quanto ao professor, o uso de uma prática pedagógica afetiva pode estimular não só a relação afetiva, como a questão cognitiva e social do aluno. Na relação professor-aluno a afetividade é essencial para que o processo de aprendizagem aconteça com sucesso.


Diante da fundamentação teórica argumentada neste trabalho, percebe-se o quanto é importante, o afeto do professor transmitido ao aluno. A autoestima do aluno é elevada, a aprendizagem se torna mais prazerosa e construtiva, o ambiente da sala de aula se torna mais harmonioso.


Para que o professor conheça bem os seus alunos, é necessário que não negligenciem os aspectos afetivos. É importante refletir sobre a importância da afetividade em sala de aula nos anos iniciais do ensino fundamental, de modo que os alunos possam ser compreendidos, aceitos e respeitados, e os professores possam entender os seus sentimentos. É preciso ter sensibilidade para ouvi-los, dialogar com eles e apoiá-los para que busquem superar as suas dificuldades.

Um professor tem um poder de afetar o aluno de forma positiva, como também negativa, por isso é de extrema importância refletirmos a nossa prática pedagógica, para que possamos afetar positivamente os nossos alunos.

 

4.   REFERÊNCIAS

 

CUNHA, Antônio Eugênio. Afeto e Aprendizagem, relação de amorosidade e saber na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak 2008.

 

CURY, Augusto. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

 

ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Pedagogia Afetiva. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 

 

SALTINI, Cláudio J.P. Afetividade e Inteligência. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para apresentação de trabalhos. 2. ed. Curitiba: UFPR, 1992. v. 2.


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publicação de artigo científico

Esse artigo pode ser utilizado parcialmente em livros ou trabalhos acadêmicos, desde que citado a fonte e autor(es).



Como citar esse artigo:


OLIVEIRA, Darlene Santos de; ROCHA, Wilssiani Carlos; CASTELO, Marlon dos Santos. A importância da afetividade no processo de ensino/aprendizagem. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 2, 2024; p. 158-173. ISSN: 2965-9760 | DOI: doi.org/10.59283/unisv.v2n2.007


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