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Wendersan Gomes Silva

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA LITERATURA DE EXPRESSÃO AMAZÔNICA A PARTIR DA OBRA MACUNAÍMA

Atualizado: 10 de mai.

THE IMPORTANCE OF TEACHING AMAZONIAN EXPRESSION LITERATURE THROUGH THE WORK MACUNAÍMA





Como referenciar esse artigo Miranda, Lopes e Oliveira (2024):


SILVA, Wendersan Gomes; OLIVEIRA, Sandra Guimarães; SANTANA JUNIOR, Elson Luiz Neto Veras. A importância do ensino da literatura de expressão amazônica a partir da obra Macunaíma. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 3, 2024; p. 57-68. ISSN: 2965-9760 | DOI: doi.org/10.59283/unisv.v2n3.004



Autores:


Wendersan Gomes Silva

Graduação Licenciatura plena em língua portuguesa pela UEPA.


Sandra Guimarães Oliveira

Professora da rede pública, Graduação em Licenciatura Plena em Letras, FAG-TO, Gestão Ambiental, UNOPAR-PR, Pedagogia -UNINTER. Pós-graduada em Língua Espanhola e Secretariado Escolar. – Contato: golsandra@yahoo.com.br


Elson Luiz Neto Veras Santana Junior

Licenciatura em educação física pela UNOPAR Redenção. - Contato: veraselsonjunior@gmail.com



RESUMO


O presente artigo tem por objetivo explanar sobre os valores históricos, culturais, míticos, religiosos, das crenças populares e das narrativas como elementos importantes para o patrimônio cultural amazônico, bem como da importância da literatura de expressão amazônica como instrumento para a discussão de tais valores. Diante disto, será elencado à corrente literária modernismo, dando ênfase aos pensamentos de Mário de Andrade, autor basilar desta corrente. Este estudioso foi importante ao instigar os pensamentos de vanguardistas, enfocando no estudo de diferentes linguagens, visando abordar a cultura brasileira e colocando em evidenciar os valores da Literatura de Expressão Amazônica. Diante disto, utilizamos como referencial teórico os artigos intitulados Literatura amazônica: para quê? de José Denis de Oliveira Bezerra (2012) e Narrativas Orais no Marajó das Florestas Memória Tupi em Pelejas pela Amazônia Marajoara (2011) de autoria de Joel Pantoja da Silva e Ivânia dos Santos Neves e relacionamo-nos a obra de Mario de Andrade “Macunaíma” (2001).

 

Palavras-Chave: Literatura Amazônica e ensino; Macunaíma; Valores culturais.

 

ABSTRACT


The present article aims to explain the historical, cultural, mythical, religious values, popular beliefs, and narratives as important elements for the Amazonian cultural heritage, as well as the importance of Amazonian expression literature as a tool for discussing such values. In this context, it will be linked to the modernist literary movement, emphasizing the thoughts of Mário de Andrade, a foundational author of this movement. This scholar was crucial in instigating avant-garde thoughts, focusing on the study of different languages, aiming to address Brazilian culture and highlighting the values of Amazonian Expression Literature. In light of this, we used as theoretical references the articles titled "Literatura amazônica: para quê?" by José Denis de Oliveira Bezerra (2012) and "Narrativas Orais no Marajó das Florestas Memória Tupi em Pelejas pela Amazônia Marajoara" (2011) by Joel Pantoja da Silva and Ivânia dos Santos Neves, and we related to Mário de Andrade's work "Macunaíma" (2001).

 

Keywords: Amazonian Literature and teaching; Macunaíma; Cultural values.

 

1. INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho tem como objetivo explanar a respeito da Literatura de Expressão Amazônica a partir do modernismo brasileiro atrelando ao texto: Literatura amazônica: para quê? De José Denis de Oliveira Bezerra, bem como “Narrativas Oral no Marajó das Florestas Memória Tupi em Pelejas pela Amazônia Marajoara”, de Joel Pantoja da Silva e Ivânia dos Santos Neves atrelando a obra de Mario de Andrade “Macunaíma”.


A literatura de expressão amazônica caracteriza-se como uma modalidade que importa o regionalismo da região amazônica por meio da oralidade, ao abordar ao seu patrimônio cultural, esta literatura oral é representada por meio de contos, ditados populares, lendas, rezas, dentre outras.


Contudo, a cultura da mentalidade amazônica traz um arcabouço de conhecimentos sobre a diversidade cultural: cosmologia, lenda, mito e linguagem próprios da região, os quais enriquecem ao auxiliar o docente com vastas informações sobre a cultura nortista. 

 

2. APONTAMENTOS SOBRE OS ARTIGOS UTILIZADOS: A RELEVÂNCIA DO ENSINO DA LITERATURA DE EXPRESSÃO AMAZÔNICA NA REGIÃO AMAZÔNICA

 

Para falar de Literatura Amazônica ou Literatura Regional, utilizou-se as ideias contidas no artigo: Literatura amazônica: para quê? De José Denis de Oliveira Bezerra (2012), doutorando em História, no Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia.


Para Bezerra a literatura Amazônica é tema, no qual, o autor tem longa vivencia, sendo que, ele convive com este tema desde sua graduação e pós-graduação, momento em que percebera a relevância de estudar o arcabouço cultural da região amazônica.


Os conceitos presentes no texto fazem considerações à literatura concebida como literatura de margem, ao descrever o lugar desta em sua região. Diante disto, Bezerra descreve a literatura a partir de duas vertentes: entre o local e o universal. Segundo o autor o local refere-se ao lugar desta literatura enquanto regional, e o universal enquanto cânone literário.


Diante dos conceitos Fares comenta:


O amazônico faz parte desses dois mundos: um que habita o território da globalização - e para constatarmos isso, basta observar a existência das antenas parabólicas e das antenas de celular nos mais longínquos espaços do Brasil; e outro, que é o mesmo, que recebe os ensinamentos da terra e da tradição. Daí, não se está pensando em concepções xenófobas, mas em priorizar a pesquisa da leitura voltada à realidade literária regional (Fares, 2011, p.6).

 

Apreende-se na explanação a Literatura Amazônica a nível nacional tem pouca valoração, mas que, é pertinente e original, sendo que fora concebida na região norte, lugar esse colonizado por europeus e, diante destes fatores históricos, esta literatura é marginalizada e de acordo com os pressupostos teóricos é considerada apenas como folclore.


Jauss afirma:


[...] por um lado, prazer e trabalho formam de fato, uma velha oposição, atribuída desde a antiguidade ao conceito de experiência estética, À medida que o prazer estético se libera da obrigação prática do trabalho e das necessidades naturais do cotidiano, funda uma função social que sempre caracterizou experiências estéticas. Por outro lado, a experiência estética não era, desde o princípio, oposta ao conhecimento e à ação (JAUSS, 2002, p. 95).

 

Dito de outra forma é importante ressaltar as riquezas culturais da região, as narrativas orais na compreensão da diversidade sociocultural da Amazônia, são admiráveis, os sujeitos dos discursos da região norte, são pessoas com cultura singular, as quais, concebidas pelas hegemonias de vários povos, formam então uma cultura hibrida, nas quais está presente o misticismo repleto de cosmologia com crenças e valores próprios da região.


O texto de Pantoja e Neves trata da importância da história da discursividade Tupi presente nas regras de comunidades que constituem o roteiro Tajapuru, no município de Melgaço - PA, na Amazônia Marajoara, em peleja com códigos de narratividade letradas coloniais.


O professor Joel Licenciado em Letras desenvolveu um projeto de estudo no Campo do Marajó – Breves – PA, com os alunos, no qual foi possível construir uma coletânea, a partir dos conhecimentos que os alunos obtinham dos contos da floresta sendo estas narrativas orais, sua proposta objetivava desenvolver uma política educacional de qualidade.


Essas atividades objetivaram levar os alunos a perceberem a importância social da linguagem, bem como a presença da memória Tupi na Amazônia Marajoara, a diferença em “Marajó dos Campos” e o “Marajó das Florestas”, pelejas da memória Tupi.

 

Nas últimas décadas tem sido repensado a oralidade em sala de aula, uma vez que, o sistema educacional percebeu que a língua falada mesmo contendo variações linguísticas, porém é algo nato, que cada indivíduo por analogia tem conhecimento da gramática internalizada, e que por este motivo os educadores começaram a valoriza o conhecimento o qual cada aluno traz consigo em particular a linguagem, partindo desses pressupostos, os PCNS, relata que a interação por meio da oralidade contribui na aquisição do conhecimento.

Diante de todas as informações contidas nos referentes artigos, fica explicito a importância da literatura regional na criação identitária de um povo, diante disto faz-se necessário que o educador possua o conhecimento destas particularidades, criando assim mecanismos para inserir a modalidade oral em sua metodologia.


Conforme os PCN+ (2002, p. 55) “para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter meios para ampliar e articular conhecimentos e competências [...]”. Diante disto, é importante que os professores busquem mecanismos para que venham trabalhar em suas aulas não somente os clássicos universais da literatura, portanto é necessário que enfatizem as leituras de literatura que trazem traços da cultura e da identidade do aluno que a lê.


É importante ressaltar quais são as regiões que englobam a Amazônia, para que o aluno venha a ter conhecimento geográfico sobre o local, para que posteriormente conheça aos valores socioculturais que envolvem a região, sendo estes: misticismo, histórias orais, lendas, contos populares, rezas, cosmologismo dentre outros.


O governo criou a nomenclatura de Amazônia Legal com o intuito de planejar e promover o desenvolvimento social e econômico dos estados da região, diante disto é importante que o aluno tenha conhecimento dos estados que formam a Amazônia Legal, sendo eles: Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima, e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, para que o educando venha ter em primeiro momento conhecimento geográfico, e no segundo momento adquirir conhecimento sobre a formação desta cultura identitária da região norte.


Essas informações são necessárias no contexto escolar para que o aluno paraense, por exemplo, se identifique como um membro da região amazônica para que possa refletir de forma crítica sobre o seu contexto social. 

 

3. MODERNISMO

 

Cândido apresenta a seguinte definição de literatura nacional:

(....), é toda voltada, no intuito dos escritores ou na opinião dos críticos, para a construção duma cultura válida no país. Quem escreve, contribui e se inscreve num processo histórico de elaboração nacional (CÂNDIDO, 2006, p. 20).

 

De acordo com cândido, a historicidade da literatura nacional depende intrinsecamente das contribuições dos autores de cada período literário, suas criticidades e o modo como este descreveram as realidades sociais de cada época. Sendo assim, a história da literatura esta dividida em três momentos:   manifestação literária, configuração do sistema literário, o sistema literário consolidado.

 

O primeiro período não havia história literária, e sim fragmentações de atividades literárias na colônia, ligada a literatura portuguesa. Segundo momento formação do sistema literário passa a existir em meados do século XVIII. No terceiro momento, surgi produções acadêmicas e assim dar início a nova fase, a qual, cresce ao longo do século XIX, com o agravamento do público de leitores, surgem criações de editoras e diários, sendo que só foi possível uma literatura com ênfase nos valores nacionais a partir do modernismo.


Sendo assim o modernismo é um movimento que nasce na Europa, inicio do século XX, corrente de arte não uniforme, nas quais estão incumbidas finalidades artísticas provenientes de alguns países. No Brasil o Modernismo teve três momentos, dividido por fases: a primeira fase 1922, a segunda fase 1930, e a terceira 1945.


Deste modo no Brasil teve início com a Semana de Arte Moderna, que acontecera entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, momento em que foi possível reunir vários artistas com ideias modernistas, objetivando liberdade nas artes buscando uma nova forma de expressão, condizente com as transformações do século entre elas desenvolvimento científico e tecnológico, invenções, guerra mundial, revolução comunista entre outras.

 

3.1 PRIMEIRA FASE DO MODERNISMO

 

No primeiro momento buscou-se consolidar o movimento, assim fora um período de grande produção de arte e de materiais que expressavam uma nova arte, nas quais quatro correntes de pensamento conjecturaram prestígio e foram ganhando conteúdo ideológico na difusão na década de 20: desenvolveram quatro movimentos culturais: Pau Brasil, Verde Amarelismo, Anta e Antropofagia, estas objetivando uma releitura do passado brasileiro.


Sendo assim, visavam reconstruir a cultura brasileira sobre pilares nacionais, revisando criticamente o passado histórico das tradições e culturas, buscando abolir definitivamente o complexo de colônia, nos quais os escritores tendiam desapega-se dos valores estrangeiros, neste período destaca-se autores basilares nesta primeira fase Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.

Para Candido as características do modernismo apresentam:


 (...) a sua contribuição fundamental foi a defesa da liberdade de criação e experimentação, começando por bater em brecha a estética acadêmica, encarnada sobretudo na poesia e na prosa oratória, mecanizadas nas formas endurecidas que serviam para petrificar a expressão a serviço das idéias mais convencionais. Para isso, os modernistas valorizaram na poesia os temas quotidianos tratados com prosaísmo e quebraram a hierarquia dos vocábulos, adotando as expressões coloquiais mais singelas, mesmo vulgares, para desqualificar a solenidade ou a elegância afetada. Neste sentido, combateram a mania gramatical e pregaram o uso da língua segundo as características diferenciais do Brasil, incorporando o vocabulário e a sintaxe irregular de um país onde as raças e as culturas se misturam (CANDIDO, 1999, p.70).

                                                                 

Os autores do movimento assumiram atitudes críticas em relação às verdades estabelecidas pelos movimentos conjecturados até então, primavam pela liberdade formal. Inclusão de elementos prosaicos e “não-elevados” à literatura.


O uso de Metalinguagem e Intertextualidade, com destaque na paródia. Buscavam assim criar uma arte puramente brasileira, objetivando mescla prosa e poesia.

Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945), um dos autores basilares do modernismo, nascido na cidade de São Paulo, em 9 de outubro de 1983. Estudou música, aos 20 anos, com pseudônimo de Mario sobral, publicou seu primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poema (1917), no qual fizera críticas a primeira guerra e suas consequências.


Mario de Andrade é autor de vastas obras entre elas: A escrava que não É Isaura, (1925), Como poeta, Mário publicou Há uma gota de sangue em cada poema (1917), Pauliceia desvairada (1922), Losango Cáqui (1926), Clã do jabuti (1927), Remate de males (1930), entre outros. Em Primeiro andar (1926) e Contos novos (1946), o autor explorou sua expressão de contista. Escreveu ainda o romance Amar, verbo intransitivo (1927) e sua obra mais importante, a rapsódia Macunaíma.

 

4. A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA AMAZÔNICA A PARTIR DA OBRA MACUNAÍMA

 

Macunaíma – o herói sem nenhum caráter é escrito por Mário de Andrade (1893 – 1945) obra mística da literatura brasileira, narrativa que surge como expressão viva do Modernismo Brasileiro, contempla disparidades das identidades nacionais.

Na obra é descrito a região Amazônica, população indígena, biodiversidade da flora, crenças, lendas regionais, assim pondo em evidenciar tais singularidades. Diante disto, serão analisados alguns fragmentos da obra.

No fragmento do livro Macunaíma:


[...] E a icamiaba caiu sem auxílio nas samambaias da serapilheira. Quando ficou bem imóvel, Macunaíma se aproximou e brincou com a Mãe do Mato. Vieram então muitas jandaias, muitas araras vermelhas tuins coricas periquitos, muitos papagaios saudar Macunaíma, o novo Imperador do Mato Virgem (Macunaíma 1920, p. 26).

 

Esse fragmento retrata uma das lendas da cultura amazônica que aborda o mítico, deixando em evidência a mentalidade do povo amazônico, diante disto, o autor utilizasse da personagem “Ci” fazendo referência a mãe da mata, para explicar a importância da lenda enquanto valor cultural amazônico.


Luís da Câmara Cascudo comenta:


“As lendas são episódio heroico ou sentimental com elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitindo e conservando na tradição oral e popular, localizável no espaço e no tempo. De origem letrada, lenda, legenda, “legere” possui características de fixação geográfica e pequena deformação e conserva-se as quatros características do conto popular: antiguidade, persistência, anonimato e oralidade[...]” (CASCUDO, 1976, p. 05).

 


Conforme Cascudo exemplifica, está é uma das versões da lenda Mãe da Mata retrata o espírito que protege as florestas amazônicas. Diz assim: A mãe da mata passa o dia distraída e com o canto dos pássaros e do macaco guariba se diverte tecendo arumã e curimbó. Segundo a lenda amazônica, diz que quando alguém entra na mata com intenção de matar aos animais, o espírito protetor da floresta faz as pessoas ficarem perdidas nas matas.


“No outro dia quando Macunaíma foi visitar o tumulo do filho viu que nascera do corpo uma plantinha. Trataram dela com muito cuidado e foi o guaraná. Com as frutinhas piladas dessa planta é agente cura muita doença e se refresca durante o calorões de Vei, a Sol” (Macunaíma, 1920, p. 29).

 

Neste fragmento, está presente uma das versões da lenda indígena, sendo que, o autor Mario de Andrade fez algumas modificações da lenda original amazônica. 


Para Paulo de Carvalho Neto “Lenda é uma narrativa imaginária que possuí raízes na realidade objetiva. E sempre localizável, isto é, ligada ao lugar geográfico determinado” (Neto, p. 132). Diante de tais comentários, a lenda é de um casal de índios que pertencente à tribo Maués, que desejavam ser pais. Um dia eles pediram a Tupã para dar-lhes um filho. Tupã, o rei dos deuses, sabendo que o casal era cheio de bondades, então deus Tupã atendeu o desejo trazendo a eles um lindo menino. O tempo passou, o menino cresceu bonito, generoso e bom. No entanto, Jurupari, o deus da escuridão, sentia uma extrema inveja do menino e, da paz e felicidade que ele transmitia e decidiu ceifar aquela vida em flor.


No lugar na cova nasce uma planta cresceria dando saborosos frutos. Neste lugar cresceu o guaraná, cujas sementes são negras, imitando os olhos humanos.  A palavra guaraná é de origem indígena, pois deriva da palavra tupi wara’ná. É o nome dado pelos índios tupis para esta planta. A partir deste fragmento, percebe-se uma crença local em que o guaraná surge a partir da morte do índio maué.


“Não vê que chamo Naipi e sou filha do tuxaua Mexe-Mexoitiqui nome que na minha fala quer dizer Engatinha-Engatinha. Eu era uma boniteza de cunhã e todos os tuxaua vizinhos desejavam dormir na minha rede [...]” (Macunaíma 1920, p. 32). No fragmento do texto as palavras do tuxaua, cunhã, são de origem indígena: tuxaua significa chefe indígena, cunhã, menina moça termos utilizados pelas tribos indígenas da região Amazônica, por meio da obra o autor traz ao conhecimento alguns termos da língua indígena.


“Muitos casos sucederam nessa viagem por caatingas rios corredeiras, gerais, corgos, corredos de tabatinga matos virgens e milagres de sertão” (Macunaíma 1920, p. 39). A caatinga, palavra de origem do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de 734.478 km², correspondendo a cerca de 10% do território nacional.  Ela está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais.
“Macunaíma tirou os sapatos e as meias como os outros e enfiou no pescoço a milonga feita de cera de vespa tatucaba e raiz seca de assacu” (Macunaíma, 1920, p. 57).

Neste pequeno trecho é mencionado à planta assacu, sendo uma planta de uso medicinal da região amazônica, muito utilizada nas inflamações em geral. Ao abordá-la o autor traz ao conhecimento esta planta enquanto riqueza da flora amazônica.


Diante dos valores culturais da região amazônica, Mafessoli argumenta:

Há sempre uma parte de razão, de ideologia, de conteúdo, no processo descritivo, mas também uma alquimia um tanto misteriosa que detona, em certas situações, uma interação. Esse momento de vibração comum, essa sensação partilhada, eis o que constitui um imaginário (MAFESSOLI, 2001, p. 77).

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Este trabalho desenvolveu-se com base nos estudos e discussões realizadas no âmbito da Disciplina de Literatura Amazônica, a partir do estudo da obra Macunaíma de Mario de Andrade. Diante desta leitura novas noções foram aprimoradas na academia, oferecendo conhecimentos significativos, no que tange aos valores culturais da região Amazônica.


A partir dos temas discorridos, apresentou-se a importância das abordagens literárias que se restringiram a explanar a literatura de expressão amazônica sendo esta de fundamental importância aos currículos escolares.


De acordo com o esboço dos artigos “Literatura amazônica: para quê” (2012) de José Denis de Oliveira Bezerra e “Narrativas Oral no Marajó das Florestas Memória Tupi em Pelejas pela Amazônia Marajoara”, de Joel Pantoja da Silva e Ivânia dos Santos Neves contribuíram com aprimoramento da informação literária regional, oferecendo conhecimento expressivo.


Assim, concluem-se quão importante é a disciplina de Literatura Amazônica, ao analisar os saberes literários produzidos pela região, compreende-se a importância de se estudar as práticas culturais com abrangência de textos de tradição oral.

 

 

6. REFERÊNCIAS 

 

ANDRADE, Mario. Macunaíma: o herói sem nenhum carácter / Mário de Andrade; texto revisto por Telê Porto Ancona Lopez. – Belo.

 

BEZERRA, José Denis de Oliveira. Literatura amazônica: para quê, 2012. Disponível em: <https://portalclic.files.wordpress.com>. Acesso em 16 de maio de 2015.

 

Júnior Fernando Alves da Silva, Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões. Imaginário e Representação Feminina na Narrativa Mítica da Matintaperera, acarpará – Bragança/PA. Disponível em: <http://revistaboitata.portaldepoeticasorais.com.br/site/arquivos/revistas/1/FernandoSocorro.pdf>. Acesso em 28 de maio de 2015.

 

MOISES, Massaud. A criação literária: poesia, 16ª ed. São Paulo: Cultrix, 2003.Horizonte/Rio de Janeiro: Livraria Garnier.

 

Silva Joel Pantoja da, Ivânia dos Santos Neves. Narrativas Oral no Marajó das Florestas Memória Tupi em Pelejas pela Amazônia Marajoara. Disponível em <http://revistaboitata.portaldepoeticasorais.com.br/site/arquivos/revistas/1/joel%20e%20ivania.pdf>. Acesso em 24 de maio de 2015.

 

Amazônia Legal – estados, criação, mapa, objetivo. Disponível em <htpp:// www.suapesquisa.com/ geografia/ amazonia_legal.htm>. Acesso em 24 de maio de 2015.


Download – Rede La Salle. Disponível em: <htpp://www.lasalle.edu.br>. Acesso em 16 de maio de 2015.

 

Efeitos e Benefícios do Guaranà em Pó – Plantas Que Curam. Disponível em <http://www.plantasquecuram.com.br/ervas/guarana.html#ixzz3aVRaWdyO>. Acesso em 17 de maio de 2015.

 

Geografia Física do Brasil – Brasil Escola. Disponível em: <htpp://www.brasilescola.com>. Acesso em 14 de maio de 2015.

Lendas: Processo de Folkcomunicação. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br/geral/folclore/lendastextos.pdf>. Acesso em 28 de maio de 2015>

 

 

 

 

 

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publicação de artigo científico

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Como citar esse artigo:


SILVA, Wendersan Gomes; OLIVEIRA, Sandra Guimarães; SANTANA JUNIOR, Elson Luiz Neto Veras. A importância do ensino da literatura de expressão amazônica a partir da obra Macunaíma. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 3, 2024; p. 57-68. ISSN: 2965-9760 | DOI: doi.org/10.59283/unisv.v2n3.004



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