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Giulia Ribeiro Vieira

IMPORTÂNCIA DA ODONTOLOGIA PREVENTIVA NA PRIMEIRA INFÂNCIA: REVISÃO DE LITERATURA

Atualizado: 28 de dez. de 2023

IMPORTANCE OF PREVENTIVE DENTISTRY IN EARLY CHILDHOOD: A LITERATURE REVIEW





Como citar esse artigo:


BELOTTI, Ana Júlia Pereira; LEMO, Giulia Ribeiro; VIEIRA Marcelo. Importância da Odontologia Preventiva na Primeira Infância: Revisão de Literatura. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.2, n.1, 2023; p. 131-140. ISBN 978-65-981660-7-6 | D.O.I.: doi.org/10.59283/ebk-978-65-981660-7-6


Autores:


Ana Júlia Pereira Belotti[1]

Giulia Ribeiro Lemo[2]

Marcelo Vieira[3]

[1] Discente em Odontologia pelo Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos - Contato: anna1juulia@gmail.com [2] Discente em Odontologia pelo Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos - Contato: giulialemo@hotmail.com [3] Especialista pela apcd São Paulo , Mestrado em Periodontia na Unesp Araraquara, Especialista em implantodontia unifeb Barretos, Professor de graduação e Pós graduação da Unifeb Barretos e professor da Pós Graduação na Apcd Barretos – Contato: marcelo.vieira@unifeb.edu.br


RESUMO


Os programas de atendimento odontológico precoce na infância variam quanto ao início: alguns começam desde o nascimento, enquanto outros esperam até a criança completar seis meses. Este artigo visa avaliar a importância da odontologia preventiva na primeira infância. A questão-problema abordada foi: “Quando se deve iniciar a odontologia preventiva e qual é a importância de programas voltados para essa finalidade?”. Para responder a essa pergunta, foi realizada uma breve revisão da literatura sobre programas de atendimento odontológico precoce na infância, observando as variações de início e os impactos na saúde bucal das crianças. A escolha do tema justifica-se no fato de que a cárie na primeira infância continua sendo uma preocupação significativa na área da odontologia. Determinar o momento adequado para iniciar os cuidados preventivos pode ser crucial para a promoção da saúde bucal. Reconhecendo que hábitos bucais e alimentares inadequados estabelecidos no primeiro ano de vida podem levar a resultados insatisfatórios, é fundamental entender a eficácia dos programas interdisciplinares no contexto da odontologia preventiva. Por meio do estudo, foi possível concluir que programas de atendimento odontológico precoce, idealmente iniciados nos primeiros dias de vida, são essenciais para garantir boas condições de saúde bucal. A revisão ressaltou a necessidade de formação profissional adequada e conscientização para atender de forma eficaz essa faixa etária, sublinhando a importância da intervenção odontológica desde a primeira infância.


Palavras-Chaves: Odontopediatria; Cuidados Bucais; Odontologia Preventiva; Qualidade de Vida.


ABSTRACT


Early dental care programs for children vary in their start: some begin right from birth, while others wait until the child reaches six months of age. This article aims to assess the importance of preventive dentistry in early childhood. The key question addressed was: "When should preventive dentistry start and what is the significance of programs aimed at this purpose?". To answer this, a literature review was conducted on early dental care programs for children, observing the variations in starting times and impacts on children's oral health. The choice of topic is based on the fact that cavities in early childhood remain a significant concern in the field of dentistry. Determining the appropriate time to start preventive care can be pivotal in promoting oral health. Recognizing that oral and dietary habits established in the first year of life can lead to unsatisfactory outcomes, it is vital to understand the effectiveness of interdisciplinary programs in the context of preventive dentistry. It was concluded that early dental care programs, ideally started in the first days of life, are essential to ensure good oral health conditions. The review emphasized the need for proper professional training and awareness to effectively serve this age group, underscoring the importance of dental intervention from early childhood.


Keywords: Pediatric Dentistry; Oral Care; Preventive Dentistry; Quality of Life.


1. INTRODUÇÃO


A crescente importância da intervenção odontológica precoce tem transformado significativamente a abordagem de cuidados bucais, colocando a prevenção no centro do cuidado em odontopediatria. Esta modalidade visa principalmente assegurar que as crianças cresçam livres de complicações orais.


A abordagem proativa e antecipatória na odontopediatria reconhece a importância de intervir desde os estágios iniciais da vida de um indivíduo, começando já durante a gravidez. A alimentação adequada da gestante, que é rica em nutrientes essenciais, aliada à educação odontológica oferecida durante o pré-natal, são estratégias fundamentais para criar uma base sólida de saúde bucal desde o início da vida. Esta ênfase na prevenção e intervenção precoce deriva da compreensão atual de que a cárie dentária é uma doença infecciosa, que apresenta melhores resultados quando prevenida e tratada desde cedo (GUIMARÃES et al., 2003). Diversas experiências e estudos que adotam esta filosofia têm demonstrado uma diminuição significativa na prevalência de doenças bucais, especialmente as cáries.


Um dos marcos mais impressionantes dessa intervenção precoce é a mudança perceptível na mentalidade de profissionais e pacientes. Com uma ênfase renovada na prevenção, a demanda por esses serviços especializados tem crescido, antecipando benefícios duradouros para as comunidades atendidas (OLIVEIRA et al., 1999).


No panorama da saúde pública, a orientação odontológica tem se estendido a abordagens precoces, englobando até mesmo conselhos pré-natais. Assim, os programas em odontopediatria visam cultivar a saúde bucal desde os estágios iniciais da vida de um indivíduo. A primeira infância, conforme reconhecida, é um período crítico para estabelecer hábitos saudáveis que beneficiarão o indivíduo ao longo de sua vida (HANNA et al., 2007).


2. REVISÃO DE LITERATURA


2.1 ODONTOLOGIA PARA BEBÊS


A Odontologia Infantil é uma especialidade focada na promoção da saúde bucal e na prevenção de problemas dentários a partir dos primeiros momentos da vida de um indivíduo (SILVA, 2019). Pesquisas recentes ressaltam que a intervenção dentária na infância pode significativamente reduzir a incidência de cárie dentária ao longo da vida da criança (PINTO et al., 2017).


A amamentação natural, vital para a nutrição e vínculo afetivo entre mãe e filho, desempenha também um papel crucial no desenvolvimento dental saudável. Durante a amamentação, os músculos faciais são exercitados, favorecendo a respiração nasal e auxiliando no desenvolvimento harmonioso da maxila e mandíbula. Esse processo natural não só assegura um tônus muscular orofacial adequado, mas também promove funções otimizadas de mastigação, deglutição e fala (BARDAL, et al., 2011).


Um programa exemplar nesse domínio é o projeto Bebê Clínica, promovido pela Universidade Estadual de Londrina. Nele, os pais participam de encontros educativos, seguidos de ações preventivas, avaliações clínicas e, quando necessário, tratamentos curativos (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA, 2020). Análises deste programa evidenciaram que a vasta maioria das crianças que iniciaram sem cáries mantiveram-se assim, enquanto aquelas que iniciaram com algum problema não apresentaram avanço da condição (SILVA et al., 2018).


Em uma investigação adicional de Souza et al. (2019), ficou demonstrado que crianças engajadas em programas especializados de Odontologia Infantil apresentavam notavelmente menos complicações dentárias em relação àquelas sem acesso a tais iniciativas. Esses resultados ressaltam o valor e a urgência de se potencializar a Odontologia Infantil em ambientes tanto públicos quanto privados.


É fundamental que as crianças se familiarizem com os consultórios dentários desde cedo, e o tratamento odontológico precoce pode contribuir para isso (SILVEIRA; ALMEIDA, 2016). Além disso, o atendimento odontológico no primeiro ano de vida pode beneficiar o desenvolvimento da criança em relação ao seu comportamento, ajudando a criar uma experiência positiva e evitando o medo e a ansiedade em relação à odontologia no futuro (SANTOS et al., 2020).


Em síntese, a Odontologia para Bebês é uma área de extrema relevância, pois busca promover a saúde bucal desde a primeira infância, prevenindo problemas dentários e estabelecendo uma base sólida para uma boa saúde bucal ao longo da vida (PEREIRA; FERREIRA, 2018r).


2.3. BEBÊ CLÍNICA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFRGS


Desde sua fundação em 1990, a Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da UFRGS tem atuado como um polo de excelência e inovação. Transformada em um Curso de Extensão Universitária em 1995, a clínica é projetada para formar profissionais aptos a cuidar da saúde bucal das crianças desde seus primeiros dias de vida. Para isso, a instituição promove uma formação teórica robusta em Odontopediatria, bem como em áreas correlatas voltadas à primeira infância, com uma perspectiva holística de atendimento (EMERIM, et al., 2012).


A motivação para tal iniciativa está diretamente relacionada à crescente incidência da cárie precoce da infância (ECC) - um desafio de saúde pública em diversos países, incluindo o Brasil. Ligada frequentemente às condições socioeconômicas, a ECC ressalta a essencialidade de sistemas de saúde eficazes, especialmente em comunidades vulneráveis. Considerando que apenas uma fração das crianças na primeira infância recebe cuidados odontológicos, a atenção à saúde bucal nessa fase torna-se imperativa (BEIER, 2007).


A proposta pedagógica da Clínica Infantil enfatiza a educação como pilar. Além de disseminar conhecimento, a clínica avalia sistematicamente seus resultados, consolidando sua abordagem bem-sucedida. O centro desempenha um papel vital não apenas na formação de dentistas competentes, mas também na promoção da saúde bucal desde a infância (RIBEIRO E BRIÃO, 2016).


Os profissionais da Clínica Infantil são meticulosamente treinados para executar exames, diagnósticos e procedimentos – com um foco particular em prevenção e tratamento da cárie dentária, uma aflição predominante na infância. O programa prioriza o atendimento a bebês com até 1 ano de idade, abordando-os de maneira inclusiva, independente de suas particularidades físicas ou psicológicas (BEIER, 2007).


Funcionando todas as quartas-feiras, a clínica atende crianças de até 36 meses, advindas tanto de parcerias com o SUS e a Prefeitura de Porto Alegre, quanto de procura espontânea. A ênfase é dada à prevenção, acompanhando a criança desde o nascimento, com o objetivo de mitigar o surgimento de cáries e outros problemas bucais. Notavelmente, apesar da diminuição geral na prevalência de cáries, crianças de 2 a 5 anos têm evidenciado um crescimento dessa condição, sublinhando a relevância de intervenções odontológicas precoces (EMERIM, et al., 2012).


3. DISCUSSÃO


A saúde bucal na infância é fundamental para o bem-estar geral e desenvolvimento da criança. No entanto, o foco deste artigo é explorar como o atendimento odontológico precoce pode moldar a percepção e o comportamento das crianças em relação ao cuidado odontológico ao longo da vida.


Melo e Walter (1997) salientaram que iniciar o tratamento dentário em estágios iniciais pode não apenas impulsionar a aceitação da criança, mas também cultivar um interesse genuíno pelo processo. Mais do que isso, é uma estratégia eficaz para prevenir experiências traumáticas associadas à dor da cárie ou ao desconforto de procedimentos invasivos. No entanto, o primeiro contato da criança com o dentista desempenha um papel central neste processo. Milgrom et al. (1995) identificaram esse momento como decisivo, podendo estabelecer a base para futuras interações com a saúde bucal. Infelizmente, uma experiência negativa nesse ponto pode criar barreiras psicológicas, levando a uma aversão ao tratamento dentário. De acordo com ELI et al. (1997), tal ansiedade pode ser o resultado de fatores comportamentais, traços de personalidade e até mesmo aprendizado por observação.


Reforçando essa ideia, Possobon et al. (1998) argumentam a necessidade de atenção especial nas primeiras interações dentárias, com ênfase em minimizar qualquer forma de trauma. Afinal, o propósito do atendimento odontopediátrico vai além dos cuidados imediatos; ele busca cultivar atitudes e percepções positivas que servirão de fundamento para toda a vida. Como Milgrom et al. (1995) afirmam, reverter comportamentos ansiosos posteriormente pode ser um desafio mais árduo.


Além disso, é notável que a idade da criança desempenha um papel crucial na modulação do medo odontológico. Pesquisas, como as de Daniel et al. (2008) e Singh et al. (2000), sugerem que as crianças mais jovens tendem a adaptar-se melhor aos procedimentos dentários. Em contrapartida, o uso de anestesia pode exacerbar sentimentos de medo e ansiedade, conforme observado por Colares et al. (2004). Uma solução promissora parece estar na adoção de procedimentos profiláticos, que, segundo Ferreira et al. (2009), têm potencial para aliviar sentimentos negativos e melhorar a percepção da criança em relação ao tratamento.


Assim, é fundamental que os profissionais da área odontológica reconheçam e priorizem a importância da iniciação precoce. As experiências iniciais moldam a trajetória da criança no mundo da odontologia, e o respeito a nuances como idade e o uso criterioso de anestesia são essenciais. Em última análise, procedimentos preventivos e um atendimento humanizado podem ser a chave para uma vida inteira de saúde bucal positiva.


4. CONCLUSÃO


A odontologia preventiva deve ser iniciada nas primeiras fases da infância. O porquê é claro e multifacetado:


  1. Prevenção de cáries: As crianças, devido a hábitos alimentares muitas vezes desbalanceados e à higiene bucal por vezes inadequada, são mais suscetíveis às cáries. Consultas dentárias regulares facilitam intervenções como aplicação de selantes, que são medidas preventivas potentes na redução do risco de cáries.

  2. Educação para os pais: Mais do que focar somente na criança, o atendimento odontológico pediátrico possui o papel fundamental de educar os pais. Através dessa orientação, os profissionais podem esclarecer sobre os pilares de uma dieta equilibrada e da prática de higiene bucal adequada.

  3. Monitoramento do desenvolvimento: Uma visão regular sobre a dentição infantil permite que o dentista identifique e corrija, se necessário, anomalias, garantindo um desenvolvimento dental saudável.

  4. Promoção da autoestima: Um sorriso saudável e radiante é um boost imensurável na autoestima infantil. O cuidado dentário precoce contribui diretamente para essa confiança.

  5. Redução de custos: A prevenção e a correção de pequenos problemas dentários na fase inicial não só evitam desconfortos maiores como é significativamente mais econômico do que tratar problemas mais avançados.

  6. Estabelecimento de bons hábitos: Uma interação precoce e positiva com o universo odontológico inculca nas crianças a importância e o hábito da manutenção da saúde bucal.

  7. Desenvolvimento adequado: Além dos dentes, a saúde bucal impacta na fala, mastigação e até no crescimento facial da criança.

  8. Desmistificação do dentista: Uma introdução amigável ao dentista desde cedo pode desfazer o estigma e os temores frequentemente associados às visitas odontológicas.

  9. Melhoria na qualidade de vida: O benefício transcende a boca: uma saúde bucal robusta evita desconfortos, dores e complicações sistêmicas que podem ser ocasionadas por patologias orais.


Deste modo, a introdução precoce à odontologia preventiva é mais do que uma prática médica: é uma ação transformadora e essencial que pavimenta o caminho para um bem-estar integral da criança. Estabelecendo esse alicerce desde os primeiros anos de vida, garantimos não apenas sorrisos mais saudáveis, mas também um futuro mais próspero e resiliente para as gerações futuras.


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Como citar esse artigo:


BELOTTI, Ana Júlia Pereira; LEMO, Giulia Ribeiro; VIEIRA Marcelo. Importância da Odontologia Preventiva na Primeira Infância: Revisão de Literatura. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.2, n.1, 2023; p. 131-140. ISBN 978-65-981660-7-6 | D.O.I.: doi.org/10.59283/ebk-978-65-981660-7-6


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