APLICATIVOS MÓVEIS E INOVAÇÃO NO ACESSO À CULTURA: IMPACTOS DE UMA PLATAFORMA DE GEOLOCALIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS E LIVRARIAS
- Gabriel Azevedo de Oliveira
- há 6 dias
- 15 min de leitura
Atualizado: há 5 dias
MOBILE APPLICATIONS AND INNOVATION IN ACCESS TO CULTURE: IMPACTS OF A GEOLOCATION PLATFORM FOR LIBRARIES AND BOOKSTORES
Informações Básicas
Revista Qualyacademics v.3, n.2
ISSN: 2965976-0
Tipo de Licença: Creative Commons, com atribuição e direitos não comerciais (BY, NC).
Recebido em: 04/12/2025
Aceito em: 07/12/2025
Revisado em: 10/12/2025
Processado em: 21/12/2025
Publicado em: 22/12/2025
Categoria do artigo: Estudo de Revisão
Como citar esse material:
OLIVEIRA, Gabriel Azevedo de; OLIVEIRA, Willian Pereira de. Aplicativos móveis e inovação no acesso à cultura: impactos de uma plataforma de geolocalização de bibliotecas e livrarias. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.3, n.1, 2025; p. 895-907. ISSN 2965976-0 | D.O.I.: doi.org/10.59283/unisv.v3n2.035
Autores:
Gabriel Azevedo de Oliveira
Graduando de Sistema de Informação pela Faculdade São Luis. – Contato: gabrieloliver.dev14@gmail.com
Willian Pereira de Oliveira
Graduando de Sistema de Informação pela Faculdade São Luis. – Contato: willofc.dev@gmail.com
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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar o desenvolvimento e o impacto potencial de um aplicativo móvel de geolocalização de bibliotecas e livrarias como ferramenta de promoção da leitura e democratização do acesso à informação no Brasil. A metodologia adotada consiste em uma revisão bibliográfica de caráter qualitativo sobre políticas públicas de leitura, tecnologias móveis e inclusão digital, combinada com a análise do projeto de desenvolvimento de um protótipo de aplicativo. Os resultados evidenciam que recursos tecnológicos, quando dotados de boa usabilidade (UX), podem reduzir barreiras de acesso, fortalecer o papel das bibliotecas como espaços culturais e alinhar-se às diretrizes do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). Constata-se que a solução proposta oferece um caminho prático para mitigar a falta de visibilidade dessas instituições na era digital. Conclui-se que aplicativos de geolocalização representam ferramentas promissoras para a inclusão digital e cultural, embora seu sucesso dependa intrinsecamente da integração com políticas públicas, da acurácia e atualização dos dados e de um design centrado nas necessidades do usuário.
Palavras-chave: Aplicativos Móveis; Bibliotecas Públicas; Acesso à Informação; Inclusão Digital; Políticas de Leitura.
ABSTRACT
This article aims to analyze the development and potential impact of a mobile geolocation application for libraries and bookstores as a tool for promoting reading and democratizing access to information in Brazil. The adopted methodology consists of a qualitative bibliographic review on public policies for reading, mobile technologies, and digital inclusion, combined with the analysis of the application’s prototype development project. The results show that technological resources, when equipped with good usability (UX), can reduce access barriers, strengthen the role of libraries as cultural spaces, and align with the guidelines of the National Plan for Books and Reading (PNLL). It is noted that the proposed solution offers a practical way to mitigate the lack of visibility of these institutions in the digital age. It is concluded that geolocation applications represent promising tools for digital and cultural inclusion, although their success intrinsically depends on integration with public policies, the accuracy and updating of data, and a user-centered design.
Keywords: Mobile Applications; Public Libraries; Access to Information; Digital Inclusion; Reading Policies.
1. INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea é marcada por uma profunda transformação digital, na qual a onipresença de dispositivos móveis, como smartphones, reconfigurou a maneira como os indivíduos acessam informações, consomem serviços e interagem com o mundo ao seu redor. Contudo, essa aparente abundância de acesso coexiste com um paradoxo persistente: a exclusão digital e informacional, que continua a ser uma realidade para uma parcela significativa da população brasileira. Estudos como os de Nishijima, Ivanauskas e Sarti (2017) e, mais recentemente, de Nakayama et al. (2023), demonstram que a desigualdade no acesso e na apropriação das tecnologias digitais espelha e aprofunda as disparidades socioeconômicas existentes no país.
Nesse contexto, bibliotecas e livrarias, espaços historicamente consagrados como pilares da cultura, da educação e do fomento ao conhecimento, enfrentam o desafio de manter sua relevância e visibilidade. A dificuldade em localizar esses espaços físicos, bem como em obter informações atualizadas sobre seus horários, acervos e serviços, representa uma barreira concreta ao acesso, especialmente para as novas gerações, habituadas à instantaneidade das soluções digitais. Essa lacuna informacional contribui para o subaproveitamento de equipamentos culturais que são fundamentais para a construção de uma sociedade leitora.
A discussão sobre a facilitação do acesso a esses espaços alinha-se diretamente às metas de importantes marcos legais brasileiros, como a Política Nacional do Livro (Lei nº 10.753/2003), o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), instituído pelo Decreto nº 7.559/2011, e a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE), estabelecida pela Lei nº 13.696/2018. Tais legislações convergem para o objetivo de democratizar o acesso ao livro, valorizar a leitura e fortalecer a biblioteca como um equipamento cultural essencial. O papel das bibliotecas na promoção da inclusão digital, conforme analisado por Abramowitz (2025), torna-se ainda mais crucial, posicionando-as como agentes ativos na redução da exclusão digital.
Diante desse panorama, o presente estudo justifica-se pela necessidade de investigar e desenvolver soluções tecnológicas que possam servir como pontes entre os cidadãos e os espaços de leitura. A relevância desta pesquisa reside na possibilidade de fornecer subsídios teóricos e práticos para o desenvolvimento de uma ferramenta que não apenas facilite a localização de bibliotecas e livrarias, mas que também contribua para o fortalecimento da cadeia produtiva do livro e para a promoção do hábito da leitura no Brasil.
O objetivo geral deste artigo consiste em analisar os impactos de um aplicativo móvel de geolocalização como ferramenta de inovação para o acesso a bibliotecas e livrarias. Como objetivos específicos, pretende-se: identificar as principais tecnologias e frameworks para o desenvolvimento de aplicativos de geolocalização; analisar as contribuições da usabilidade (UX) para a adesão a plataformas culturais; discutir os desafios para a implementação de tais tecnologias no contexto brasileiro; e refletir sobre o alinhamento da solução proposta com as políticas públicas de leitura vigentes.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. O PAPEL DAS BIBLIOTECAS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
Na transição para a sociedade da informação, o papel das bibliotecas públicas transcendeu a função de meros repositórios de livros. Conforme apontam Freitas e Silva (2014), esses espaços consolidam-se cada vez mais como “terceiros lugares” – ambientes neutros e acolhedores que, para além da casa e do trabalho, promovem a convivência comunitária, o aprendizado contínuo e a inclusão social. A biblioteca moderna é um organismo vivo, um centro dinâmico que deve se adaptar para combater a desinformação, promover a literacia midiática e informacional e garantir o acesso equitativo ao conhecimento em seus mais variados suportes.
O desafio da biblioteca na era digital é duplo: por um lado, preservar sua missão histórica de guardiã da memória e do patrimônio cultural; por outro, abraçar a inovação para se manter relevante e acessível. A democratização do acesso à informação, um dos pilares da atuação bibliotecária, ganha novas dimensões com a tecnologia. Como destaca Suaiden (1980), a biblioteca pública é fundamental para o exercício pleno da cidadania, e sua capacidade de se reinventar é crucial para que continue a cumprir essa função em um mundo cada vez mais conectado.
2.2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO AO LIVRO E À LEITURA NO BRASIL
A trajetória das políticas públicas para o livro e a leitura no Brasil é marcada por avanços e descontinuidades, refletindo os diferentes momentos históricos e políticos do país (Rosa & Oddone, 2006; Cordeiro, 2018). Nas últimas décadas, um arcabouço legal robusto foi construído com o intuito de estruturar ações de longo prazo. A Lei nº 10.753/2003, que instituiu a Política Nacional do Livro, estabeleceu diretrizes para a democratização do acesso e o fomento à leitura. Em seguida, a Lei nº 12.244/2010 determinou a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino, reconhecendo seu papel estratégico na formação de leitores desde a base.
O Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), instituído em 2011 e reafirmado por legislações subsequentes, representa a mais importante estratégia permanente do Estado brasileiro para o setor. Seus quatro eixos – Democratização do Acesso, Fomento à Leitura e à Formação de Mediadores, Valorização Institucional da Leitura e do Livro, e Desenvolvimento da Economia do Livro – orientam ações governamentais e da sociedade civil (Brasil, 2011). Mais recentemente, a Lei nº 13.696/2018, que criou a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE), reforçou o PNLL como seu principal instrumento, consolidando a leitura e a escrita como um direito e um fator indispensável para a cidadania (Brasil, 2018).
2.3. TECNOLOGIAS MÓVEIS E INCLUSÃO DIGITAL
O conceito de digital divide, ou exclusão digital, é multifacetado e abrange não apenas a falta de acesso à infraestrutura (primeiro nível), mas também as desigualdades nas habilidades de uso (segundo nível) e na capacidade de transformar o acesso em benefícios concretos (terceiro nível). No Brasil, apesar da massificação dos smartphones, a exclusão digital persiste, especialmente em regiões remotas e entre populações de baixa renda (Nishijima et al., 2017). Os aplicativos móveis, nesse cenário, surgem como ferramentas de grande potencial para a inclusão, ao oferecerem acesso a serviços, educação e cultura de forma mais acessível e capilar.
No campo das bibliotecas, a adoção de tecnologias móveis ainda é incipiente, mas promissora. Estudos como o de Muriel-Torrado e Soares (2020) sobre aplicativos de Bibliotecas Nacionais e exemplos práticos como o aplicativo “Bibliotecas USP” (Okamoto Jr., s.d.) demonstram um movimento em direção à oferta de serviços digitais. Essas iniciativas, embora pontuais, indicam um caminho para ampliar o alcance das bibliotecas e engajar novos públicos, especialmente os jovens.
2.4. GEOTECNOLOGIAS E A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO (UX)
As geotecnologias, que englobam sistemas de geolocalização como GPS, Wi-Fi e Cell ID, são a base para uma vasta gama de serviços baseados em localização. APIs (Interfaces de Programação de Aplicações), como a do Google Maps Platform, permitem que desenvolvedores integrem mapas, rotas e buscas por pontos de interesse em seus próprios aplicativos de forma simplificada. Essa tecnologia é o alicerce para a proposta de um localizador de bibliotecas.
Contudo, a mera aplicação da tecnologia não garante o sucesso de uma plataforma. O Design de Experiência do Usuário (UX) e o Design de Interface do Usuário (UI) são disciplinas cruciais para o desenvolvimento de produtos digitais que sejam não apenas funcionais, mas também intuitivos, agradáveis e eficientes. Em contextos educacionais e culturais, a usabilidade é um fator crítico para garantir que a tecnologia atue como um facilitador, e não como uma barreira adicional (Brito et al., 2024). Um bom projeto de UX, conforme defendido por Quaresma (2023), pode aumentar significativamente a adesão e o engajamento dos usuários com a plataforma, tornando-a uma ferramenta efetiva de acesso à cultura.
3. METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se por uma abordagem de natureza qualitativa, que articula dois procedimentos metodológicos complementares: uma revisão bibliográfica sistemática e um relato de experiência baseado no desenvolvimento de um protótipo de aplicativo móvel. Essa combinação permite fundamentar teoricamente a relevância do problema e, ao mesmo tempo, analisar uma solução prática em desenvolvimento.
A revisão bibliográfica foi conduzida em bases de dados acadêmicas de ampla circulação, como SciELO, Google Scholar, e repositórios institucionais de universidades brasileiras. Foram utilizados descritores como “aplicativos móveis”, “bibliotecas públicas”, “inclusão digital”, “políticas de leitura” e “geolocalização”, com um recorte temporal focado em publicações entre 2010 e 2025. A seleção buscou priorizar estudos que analisassem o contexto brasileiro, bem como a legislação pertinente e pesquisas sobre usabilidade em plataformas digitais.
O relato de experiência, por sua vez, descreve as etapas do projeto de desenvolvimento do aplicativo “Localizador de Bibliotecas e Livrarias”, conforme delineado no material de origem. As fases do projeto incluíram: (a) Levantamento de Requisitos, com pesquisa de mercado e análise de aplicativos similares; (b) Prototipagem, com a criação de wireframes e o design da interface (UI/UX); (c) Desenvolvimento, com a escolha do framework multiplataforma Flutter e a integração com a API do Google Maps; (d) Criação do Banco de Dados, planejando a integração de fontes públicas e cadastros manuais; e (e) Testes Preliminares, com a avaliação da usabilidade junto a um grupo inicial de usuários. A análise dos dados articula os achados da literatura com os resultados e desafios identificados no processo de desenvolvimento do protótipo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. O APLICATIVO COMO FERRAMENTA DE CONEXÃO CULTURAL
O protótipo do aplicativo foi concebido para oferecer um conjunto de funcionalidades essenciais, visando transformar a busca por espaços de leitura em uma experiência simples e eficiente. A tela principal apresenta um mapa centrado na localização do usuário, exibindo ícones de bibliotecas e livrarias próximas. As funcionalidades incluem:
• Busca por Geolocalização: Identificação automática dos pontos de interesse no entorno do usuário.
• Filtros de Pesquisa: Permite ao usuário refinar a busca por categorias, como “pública”, “universitária”, “comunitária” ou “livraria”.
• Informações Detalhadas: Ao selecionar um ponto, o usuário acessa uma tela com endereço, horários de funcionamento, contato, descrição dos serviços e do acervo.
• Cálculo de Rotas: Integração com serviços de mapa para traçar o melhor caminho até o local.
• Avaliações de Usuários: Um sistema colaborativo para que os visitantes compartilhem suas experiências.
Essas funcionalidades atendem diretamente à necessidade de aumentar a visibilidade desses espaços culturais. Em um cenário onde a informação digital é predominante, a ausência de uma biblioteca em um mapa digital equivale, para muitos, à sua inexistência. A proposta se diferencia de soluções mais genéricas, como o próprio Google Maps, ao oferecer um foco especializado e informações mais detalhadas e curadas para o público leitor. Ele se assemelha a iniciativas como o Bibliomaps, mas com a ambição de integrar um ecossistema mais amplo, incluindo livrarias e, futuramente, eventos literários.
4.2. ALINHAMENTO COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE LEITURA
A proposta do aplicativo está em consonância direta com os objetivos estratégicos das políticas públicas brasileiras. Ao facilitar a localização e o acesso a bibliotecas, a ferramenta contribui materialmente para o eixo de “Democratização do Acesso” do PNLL. Além disso, ao fornecer uma plataforma para a divulgação de eventos, acervos e serviços, o aplicativo atua no eixo de “Valorização Institucional da Leitura e do Livro”, fortalecendo a imagem da biblioteca como um centro cultural dinâmico.
O potencial de integração com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) é particularmente relevante. Uma parceria com o SNBP poderia viabilizar a criação de um banco de dados nacional, unificado e constantemente atualizado, resolvendo um dos maiores desafios do projeto: a coleta de dados em escala. Tal integração transformaria o aplicativo em um canal oficial de divulgação das bibliotecas públicas brasileiras, potencializando o impacto das políticas do setor.
4.3. USABILIDADE E ENGAJAMENTO DO USUÁRIO
Os testes preliminares com usuários, conforme relatado no material de origem, indicaram uma recepção positiva. A interface foi considerada intuitiva e as informações, pertinentes. Esse feedback inicial corrobora a tese de que um design centrado no usuário é fundamental para a adesão a plataformas culturais (Torrezzan & Sparremberger, 2019). A simplicidade de uso é o que pode diferenciar o aplicativo de um simples portal de dados, tornando-o uma ferramenta de uso cotidiano.
As sugestões de melhoria, como a possibilidade de consultar catálogos online e verificar a disponibilidade de espaços de estudo, são particularmente valiosas. Elas indicam um desejo do usuário por uma experiência mais integrada e profunda, que vá além da simples localização. Isso aponta para um caminho de evolução do produto, onde a integração com os sistemas de gestão de acervo (SIGB) das bibliotecas seria um passo natural e de grande valor agregado, transformando o aplicativo em um verdadeiro “hub” de serviços para o leitor.
4.4. DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA IMPLEMENTAÇÃO EM LARGA ESCALA
Apesar do potencial, a transição de um protótipo para uma plataforma nacional robusta envolve desafios significativos. O primeiro e mais complexo é a coleta e manutenção dos dados. O Brasil possui milhares de bibliotecas (públicas, comunitárias, escolares, universitárias) e livrarias, com informações descentralizadas e frequentemente desatualizadas. A criação de um banco de dados abrangente exigiria parcerias estratégicas com o poder público (Ministério da Cultura, Secretarias Estaduais e Municipais), a sociedade civil (como a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias - RNBC) e o setor privado.
O segundo desafio é a própria exclusão digital. Embora o aplicativo utilize a tecnologia mais disseminada no país (smartphones), ele ainda exclui aqueles sem acesso a dispositivos ou à internet. Portanto, a iniciativa deve ser vista como parte de um ecossistema maior de políticas de inclusão digital, e não como uma solução isolada.
Por fim, a sustentabilidade do projeto a longo prazo é uma preocupação central. Modelos de negócio ou de gestão precisam ser explorados, seja por meio de financiamento público, parcerias com empresas do setor livreiro ou modelos de serviço freemium, para garantir que a plataforma possa ser mantida, atualizada e aprimorada continuamente.
As perspectivas futuras são vastas. A plataforma pode evoluir para incluir sebos, eventos literários, clubes de leitura e, como mencionado, integrar-se aos catálogos das bibliotecas, criando um ecossistema completo e vibrante em torno do livro e da leitura no Brasil.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo buscou analisar o potencial de um aplicativo móvel de geolocalização como uma ferramenta de inovação no acesso à cultura, contextualizando seu desenvolvimento frente aos desafios da inclusão digital e às políticas públicas de leitura no Brasil. A análise da literatura e do protótipo em desenvolvimento revela que a tecnologia, quando aplicada de forma estratégica e com foco no usuário, pode ser uma poderosa aliada na democratização do acesso ao livro e no fortalecimento das bibliotecas como equipamentos culturais.
A tecnologia, por si só, não é capaz de resolver o complexo problema dos baixos índices de leitura no país. No entanto, ferramentas como a proposta neste estudo podem remover barreiras práticas e de informação, tornando o acesso aos espaços de leitura mais fácil e convidativo. Ao colocar bibliotecas e livrarias “no mapa” digital do cidadão, o aplicativo contribui para a valorização desses espaços e para a formação de uma sociedade mais leitora, em plena consonância com os objetivos do Plano Nacional do Livro e Leitura.
Conclui-se que a iniciativa é promissora, mas seu sucesso em larga escala dependerá da superação de desafios significativos, especialmente no que tange à coleta de dados e à sustentabilidade do projeto. A colaboração entre desenvolvedores, poder público e sociedade civil será fundamental para transformar o protótipo em uma plataforma robusta e de impacto nacional.
Para trabalhos futuros, sugere-se a realização de estudos de caso aprofundados sobre o impacto do uso de tal aplicativo na frequência de bibliotecas, pesquisas sobre a viabilidade técnica da integração com os diversos sistemas de gestão de acervos existentes no país, e análises comparativas sobre modelos de gestão para plataformas culturais digitais.
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